|
São Pedro da Gafanhoeira é uma freguesia do concelho de Arraiolos, no Distrito de Évora. A sua pequena escola primária foi construída de acordo com os projectos aprovados em 1944 pela “Direcção dos Edifícios do Sul” - em plena época de expansão do famoso Plano dos Centenários. As “Escolas dos Centenários” são criadas na sequência das comemorações do Duplo Centenário da Fundação e da Restauração de Portugal, que tinham tido o seu auge no ano de 1940 e que tinham dado lugar nomeadamente à famosa Exposição do Mundo Português - momento maior da propaganda do Estado Novo, dos seus valores e das suas realizações. A construção em massa de uma rede de escolas primárias (a par de outras instalações escolares de muito maior impacto, como Liceus e Cidades Universitárias) era sentida como uma necessidade mas também um acto de propaganda do regime. Cobrindo todo o território nacional, este plano decorre do Art.º 7.º da Lei N.º 1985, de 17 de Dezembro de 1940 (datada de 14 dias após o encerramento das Comemorações). Nele se determina que “o governo iniciará em 1941 a execução do plano geral da rede escolar, que será denominado «dos Centenários» e em que serão fixados o número, localização e tipos de escolas a construir para completo apetrechamento do ensino primário”. De acordo com o previsto, o país foi dividido em regiões e deu-se imediatamente início a este plano tão ambicioso, que naturalmente se arrastou durante os anos seguintes. As obras seriam da competência da Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais do Ministério das Obras Públicas. O território do Continente compõe-se de quatro regiões, Norte, Centro, Lisboa e Sul. A escola primária de S. Pedro da Gafanhoeira integrava este grupo de escolas então construídas nesta última região. Da autoria do arquitecto Alberto Braga de Sousa, da Direcção de Edifícios do Sul, esta escola respeitava a tipologia dos edifícios escolares com apenas uma sala de aulas. Implantada num terreno de forma quadrangular, adquirido em 1946, o projecto, muito simples, previa apenas a construção da sala de aulas, a que se acedia por um vestíbulo relativamente grande, que dava igualmente acesso ao típico alpendre do recreio, localizado nas traseiras do edifício. O elemento arquitectónico mais característico - e identificador de um grupo de escolas primárias então projectado para ser usado nesta região - era o corpo que detinha a entrada para o vestíbulo. A porta era de volta inteira e o corpo em que se integrava era como que coroado por um frontão curvilíneo de perfil recortado, na base do qual se apôs a inscrição “ESCOLA PRIMÁRIA” e no centro do qual se localizava o brasão do concelho. A sala de aulas, de planta rectangular, era iluminada por três amplas janelas e tinha a particularidade de dispor, num dos seus ângulos, de uma lareira. O alpendre era apoiado em quatro arcos que sustentavam a cobertura. Protegido por muros laterais de alvenaria, de perfil a evocar os contrafortes tão típicos da arquitectura popular alentejana, o alpendre abrigava ainda, num dos seus topos, as três instalações sanitárias, destinadas à professora, aos meninos e às meninas, respectivamente. Junto às respectivas cabines, um único lavatório dava serventia a toda a população escolar, professora e alunos. Finalmente, um dos alçados laterais do edifício detinha a chaminé de apoio à lareira interna, de desenho muito elegante e pitoresco. O projecto inicial, concluído em 1948, seria posteriormente alterado em 1962, ganhando então uma nova sala de aulas, um novo vestíbulo e uma nova entrada - a fim de abrigar duas salas de aula, uma para rapazes e outra para raparigas, detendo cada uma a sua entrada privativa. Durante estas obras, foi apeado o típico frontão do edifício original. Foi nesta escola, cuja remodelação e ampliação terminaram em 1963, que leccionou a Professora Maria Margarida Lucas Leal, entre os anos lectivos de 1967 e 1980. |