Secretaria-geral
Modelo educativo na escola do Centro
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“Um dos aspectos mais marcantes nas escolas do centro foi o modelo educativo adoptado de essência libertária e que consistia em formar inteligências livres, aptas para viverem no desenvolvimento total das faculdades humanas, fim exclusivo da vida. Esse aspecto foi reconhecido pela Liga Nacional de Instrução, que no seu Congresso, realizado em 24 de Abril de 1908, a proclamou Benemérita da Instrução. 7.1. Projecto Educativo e Plano Curricular O Projecto educativo tinha como estrutura dorsal a Instrução, considerada a base de todas as instituições sociais, e que assentava no segmento da Instrução Primária que compreendia: a leitura; a escrita; os princípios rudimentares da aritmética. Compreendia ainda a Instrução Técnica, constituída por um plano de trabalhos manuais que preparava os educandos para o exercício de uma profissão (costura, rendas e bordados, música e canto, desenho geométrico, etc.). Este Plano Curricular suprimia o ensino religioso nas escolas. A título de exemplo registamos uma planificação respeitante ao dia 21 de Janeiro de 1913, para uma Turma da 1.ª Classe. Horário Manhã – das 9.30 às 12 Horas Tarde – das 15.30 às 16 Horas 9.30 às 12h – Lições de leitura (a monitora olhará pelas escritas enquanto que a professora dá as lições); 12 às 12.30h – Exercício no contador; 12.30 às 13.30h – Almoço; 13.30 às 14.30h – Contas e Algarismos aos que ainda as não fazem (a monitora auxiliará a professora nestes exercícios); 14.30 às 15.30h – Trabalhos Manuais às alunas e exercícios no quadro aos alunos; 15.30 às 16.00h – As alunas continuarão trabalhando e a professora mandará à pedra cada aluna ou aluno ou dois de cada vez, não impedindo por isso da continuação dos lavores; e os alunos mais adiantados fazem cópia; 16.00 às 16.25h – As alunas guardarão os lavores às 16 horas e estudarão até à hora da saída. Este modelo educativo contou com a criação de estruturas sociais de apoio, consideradas nevrálgicas para o sucesso educativo dos educandos e das quais salientamos: as cantinas escolares; as cooperativas de consumo; inspecções e colónias sanitárias. 7.2. Ensino Nocturno ministrado à luz do petróleo Para combater o analfabetismo, o Centro escolar republicano da Ajuda criou o ensino nocturno, cujas salas de aulas, por inexistência de electricidade, eram iluminadas a petróleo. Só em 1925 a Direcção do Centro Escolar solicitou autorização à Administração Geral dos Correios e Telégrafos para proceder à instalação de um cabo que ligasse ao cabo aéreo dessa companhia que passava junto do edifício e garantisse iluminação eléctrica nas salas de aula. Tudo leva a crer que o pedido foi deferido e a luz do petróleo tenha sido substituída pela luz eléctrica. 7.3. O controlo das instituições educativas pela Ditadura Nacional A Instrução ministrada nos Centros Escolares, nas Escolas Oficinas e ainda em Associações de inspiração Liberal, sofreu um grande revês com a aprovação da Constituição Corporativista, em 1933, que institucionaliza a Ditadura Nacional. O Decreto 23.447, de 5 de Janeiro de 1934, determina que todos os estabelecimentos de ensino primário existentes à data, “são obrigados a requerer o respectivo alvará até 30 de Junho do ano em curso, quer estejam ou não inscritos nas inspecções dos distritos escolares”. Estávamos perante a tentativa do controlo das instituições educativas, nomeadamente, quanto à imposição de Planos Curriculares, quanto à extinção de disciplinas que funcionavam como complemento de formação extracurricular, com destaque para a Educação Física, a Educação Cívica e o Canto Coral. Determinava ainda que as escolas não poderiam ser geridas por regentes mas por professores ou professores diplomados. Outras exigências eram determinadas, tais como, substituição de material didáctico, equipamento e obras de adaptação. O Centro Escolar Republicano da Ajuda foi um dos que resistiu às exigências. Outros houve, que não tendo condições, ou encerraram as suas portas ou foram coercivamente encerrados pela tutela” |
