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João de Andrade Corvo
(1824-1890) “Escritor, agrónomo, professor e político, profere na Câmara dos Deputados, em 1866, um importante discurso sobre a instrução pública”, no qual “tece duras críticas à forma como está organizado o ensino primário, secundário e superior em Portugal: no primeiro “pesa a miséria”, no segundo “domina a desordem” e no terceiro “há excesso, há nocivo luxo”(1966, p.8) […]. “As suas observações principais dirigem-se à organização dos estudos secundários que não têm em conta as necessidades sociais, uma vez que se privilegia o Latim, o Francês e o Inglês em detrimento das Ciências Naturais e Físicas, da Matemática e do Português. Por isso, à semelhança do que sucede noutros países da Europa, sustenta que se deve fomentar o ensino científico e profissional nos liceus de 2ª classe, reservando os liceus da 1ª classe para a preparação dos alunos para a universidade e escolas superiores […].” “Publica, na Colecção Biblioteca de Agricultura e Ciências, algumas obras dedicadas ao ensino agrícola (A agricultura e a natureza, Da água para as regas e Os motores na indústria e na agricultura) e à divulgação da Física e da Química (Física popular e Química popular) […].” “João de Andrade Corvo representa uma geração que acredita na capacidade da escola para responder às “necessidades sociais” e, nessa perspectiva, considera que a civilização, a liberdade, o progresso e a indústria do país crescem na razão directa da instrução do seu povo. Constatando os baixíssimos níveis de instrução popular, é normal que pugne por um desenvolvimento da rede escolar pública, dedicando uma atenção particular às questões do professorado e da sua formação. A acção política de João de Andrade Corvo situa-se, de facto, num período histórico de expansão do ensino primário e do ensino normal e, por isso, as suas ideias, apesar do tom polémico, são bem recebidas no país. Porque, como afirma na abertura do discurso de 1866, o assunto da instrução pública é um dos que mais interessam à civilização deste país: “Só a liberdade, que vem da consciência do dever e do direito – essa liberdade não só política, mas política e social – é que representa o progresso na sua larga acepção: o progresso do povo” (1866, p.4) […]”. Dicionário de educadores portugueses (Nóvoa, 2003, ficha nº248). |
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