Secretaria-geral

Herculano Amorim Ferreira


 Herculano Amorim Ferreira
(1895-1974)


“ […] Após o seu doutoramento em 1930, Amorim Ferreira é nomeado professor de Física da Faculdade de Ciências. Nos anos seguintes, produz uma série de compêndios de Física, quer para o ensino secundário, quer para o seu próprio curso, para além de diversos trabalhos científicos nesta área e em Geofísica. Essa produção liga-o ao laboratório de Física de Rádio do Instituto Português de Oncologia e ao Serviço Meteorológico Nacional, do qual virá a ser director.
A sua ligação política ao Estado Novo leve-o brevemente ao lugar de Subsecretário de Estado da Educação, em 1945, na sequência da sua participação no II Congresso da União Nacional no qual apresenta uma comunicação intitulada “ A Universidade e a Reforma da Mentalidade Portuguesa” (1944). Aí advoga uma aliança entre a universidade e a igreja, entre ciência e moral. Na sua opinião, esta mudança apresentaria uma solução para o problema da autonomia universitária tal como tinha sido concebida pelos reformadores republicanos. Por outro lado, essa mesma autonomia tinha permitido aos intelectuais da I República protegerem-se da “purga moral” que o salazarismo tentou levar a cabo. Assim, as intenções de Amorim Ferreira e o seu prestígio científico faziam dele um agente ideal para estender à universidade essa transformação. No entanto, terão sido, talvez, estas mesmas razões que ditaram a brevidade da sua prática ministerial. As suas intenções de fomento de uma “política social de ciência” não eram compatíveis com os mecanismos culturais do salazarismo. Na verdade, as práticas de produção de conhecimento da sociedade portuguesa de meados do século XX, estão, primariamente, vocacionadas para a organização da memória nacional, tendo por pano de fundo uma incerteza constante quanto ao poder e lugar dos factos científicos. Não será, no entanto, essa incompatibilidade que fará Amorim Ferreira questionar a ordem salazarista, sendo delegado à Câmara Corporativa em 1963, dois anos antes de abandonar o professorado e o seu lugar de director do Serviço Meteorológico Nacional. É nessa área que concentra a sua atenção antes da jubilação, sendo as observações meteorológicas de Amorim Ferreira e da sua equipa essenciais para o conhecimento do clima, quer em diversas regiões de Portugal, quer em regiões administradas, então pelas autoridades portuguesas” […].

Dicionário de educadores portugueses (Nóvoa, 2003. Ficha nº330).

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